A pandemia do COVID-19 teve uma imensa repercussão no mundo, em especial no território norte-americano, por ser uma das maiores economias mundiais. Os efeitos da pandemia tem se desenrolado em etapas e até hoje continuamos vendo as consequências da doença, além das ações do governo no sistema financeiro americano.
Como dentista que mora hoje no Estados Unidos e também na posição de business owner – sendo dono de dois consultórios – acompanhei de perto, e muitas vezes aflito, o desenrolar de toda essa história, que, sinceramente, não sei quando vai terminar.
Vamos a sequência de eventos:
Negacionismo
Esta etapa começou em março de 2020, quando aconteceram as conversas de que teríamos 2 semanas de lockdown em todo território nacional e, em breve, tudo voltaria ao normal. Muitos, inclusive eu, não acreditaram que isso aconteceria, que passaria de maneira rápida e acabaríamos não tendo que fechar nada. Foi a etapa do “eu não acredito“.
Medo
Depois dessa conversa inicial, realmente aconteceu o lockdown. Já na primeira semana sabíamos que isso não seria algo de apenas 15 dias e que se estenderia, só não sabíamos o quanto. Nessa etapa já começaram as conversas com funcionários sobre demissão em massa, pois não teríamos como pagar as contas. Nesse meio tempo, o governo sinalizou a possibilidade de estímulos para empresas e para funcionários que eventualmente perdessem seus empregos. Lembre-se que os Estados Unidos não tem apenas consultórios odontológicos. Pessoas que trabalham em restaurantes, cinema, eventos e muitos outros lugares perderam os empregos e não tinham fonte de renda. Nesse período, que foi de aproximadamente final de março até começo de maio, muitas incertezas estavam no ar, apesar das promessas do governo.
Alívio
Alguns locais puderam voltar a operar, inclusive consultórios odontológicos. Isso foi já no começo de maio. Além do mais, as ajudas do governo se concretizaram tanto para empresas quanto para empregados de maneira retroativa. Assim, os funcionários que tiveram contratos cancelados tiveram suas rendas compensadas pelo auxílio do governo. O auxílio variava de estado para estado, mas na Carolina do Norte chegou a ser $900 dólares por semana! Isso quer dizer que a GRANDE MAIORIA dos empregados, estava recebendo mais para ficar em casa do que para trabalhar. O que levou ao próximo estágio que vamos falar mais a frente. Além do mais, esta fase foi caracterizada por um crescimento significativo em várias áreas, incluindo a odontologia. O ano de 2020 teve produção recorde para muitos consultórios, mesmo passando fechados por 30 a 60 dias corridos!
Malemolência
O crescimento de algumas industrias foi tão grande que a necessidade de mão de obra imediata foi crucial. Muitos locais estão contratando mais pessoas do que tinham pré-COVID-19. Entretanto, a natureza do ser humano é de trabalhar o menos possível e receber o máximo de recompensa. Quando se tem a opção de não trabalhar para receber uma recompensa maior do que quando se trabalha, o que você acha que as pessoas vão fazer? Exatamente isso, ficar em casa. Nesse período de junho até os dias atuais, estamos vivendo uma das maiores dificuldades de achar funcionários na história recente dos Estados Unidos. As taxas de desemprego continuam altas, mas não é por falta de emprego! Apenas por falta de vontade das pessoas em trabalhar, já que ao ficar em casa elas recebem um altíssimo valor de seguro desemprego. Foi nesse estágio que começou a briga entre empreendedores e funcionários, pois a regra do governo é clara, se você tem emprego, você precisa trabalhar e sair do seguro desemprego, mas os funcionários queriam dar um jeito de forçar uma demissão ou arrumar desculpas para não voltar a trabalhar.
Eu não sei qual será a próxima etapa, mas acredito que passaremos ainda alguns meses com a oportunidade (perdida) de crescimento por falta de mão de obra e, quando esta onda de dinheiro fácil acabar, teremos uma discrepância financeira maior ainda entre as classes.